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Henrique Alvim Corrêa: O Brasileiro que Ilustrou a Guerra dos Mundos com Sombras e Genialidade

oucos artistas brasileiros tiveram um impacto tão marcante — e ao mesmo tempo tão pouco conhecido — na história da arte fantástica quanto Henrique Alvim Corrêa (1876–1910). Nascido no Rio de Janeiro e radicado na Europa desde jovem, Alvim Corrêa deixou uma obra singular que atravessa o tempo com a mesma intensidade dramática que marcou a sua curta vida. E foi justamente desse espírito inquieto que nasceram algumas das mais poderosas ilustrações já feitas para “A Guerra dos Mundos”, o clássico de H.G. Wells ( ver post ).

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Entre 1903 e 1906, Alvim Corrêa mergulhou profundamente no universo criado por Wells, produzindo 32 ilustrações para uma edição belga de luxo da obra. Seus desenhos, carregados de atmosferas densas, contrastes violentos e um domínio técnico impressionante do carvão e da tinta, capturam como poucos o terror psicológico da invasão marciana. Se nas palavras de Wells a ameaça é constante, nas imagens de Alvim Corrêa ela se torna palpável — um presságio de destruição que parece avançar em nossa direção.

O autor britânico ficou tão impressionado com a força expressiva dessas ilustrações que declarou tratar-se da interpretação visual definitiva de seu romance. E não é difícil entender por quê. Alvim Corrêa parecia enxergar nas máquinas de guerra marcianas não apenas ficção científica, mas metáforas de um mundo que marchava rapidamente para conflitos reais — afinal, faltava pouco para a Primeira Guerra Mundial transformar a Europa em ruínas.

A obra de Alvim Corrêa é marcada por uma sensibilidade rara: criaturas colossais emergindo na neblina, cidades sucumbindo ao caos, figuras humanas indefesas reduzidas a meras silhuetas diante da brutalidade mecânica. Há beleza, mas uma beleza obscura, quase trágica. Seus trabalhos revelam um artista que entendia profundamente a condição humana e nossas próprias fragilidades diante do desconhecido.

Hoje, mais de um século depois, suas ilustrações para The War of the Worlds seguem influenciando artistas, ilustradores e cineastas. Elas não apenas complementam o texto de Wells — elas o expandem, acrescentando novas camadas de horror, poesia e visão.

Henrique Alvim Corrêa permanece como um tesouro da arte brasileira no exterior, um mestre que merecia figurar entre os grandes nomes da ilustração mundial. Revisitar sua obra é descobrir um universo onde a fantasia encontra o sublime, e onde o medo cósmico ganha traços inesquecíveis.


 
 
 

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